Hospedagem de Luxo – Por Dentro do Palácio Tangará

No coração da cidade e envolto pelo verde do Parque Burle Marx, acaba de nascer o Palácio Tangará, nascido como um novo conceito de hospedagem e experiência de luxo em São Paulo. Fui conhecê-lo quinze dias depois de sua inauguração, ainda com cheirinho de novo, e a sensação que se tem ao circular pelas suas dependências é a de estar numa cidade serrana. Ou num oásis urbano, como prefere o próprio empreendimento.

A ideia é oferecer uma experiência considerada inédita na maior capital brasileira, onde a farta rede hoteleira é mais focada no estilo executivo ou nos hotéis boutique de pequeno porte. Uma opção de lazer, inclusive para os moradores que buscam uma “viagem” sem sair da metrópole, ainda que seja por um final de semana. Os paulistanos também poderão desfrutar do ambiente do hotel mesmo sem permanecer por lá. Facilidades como os restaurantes e bares e o SPA não são de uso exclusivo dos hóspedes.

O Tangará tem 141 apartamentos distribuídos em quatro andares e pertence à Oetker Collection, do mesmo grupo alemão da Dr. Oetker (de alimentos) e da empresa de logística e navegação Hamburg Süd. Também fazem parte da rede de “hotéis obra de arte” o The Lanesborough London, no Reino Unido, o Brenners Park-Hotel & Spa Baden Baden, na Alemanha, o Eden Rock St. Barths, no Caribe, o Fregate Island Private Seychelles, nas Ilhas Seychelles, o L’Apogée Courchevel, o Le Bristol Paris, o Château Saint-Martin & Spa Vence e o Hotel Du Cap-Eden-Roc, os quatro últimos na França.

Embora recém-inaugurado, o Palácio resulta de uma longa história. Na década de 1940, a área em que ele está situado, incluindo o hoje Parque Burle Marx, foi adquirida pelo empresário-playboy Francisco Matarazzo Pignatari. Baby Pignatari, como era mais conhecido, iniciou no espaço a construção do Rancho Tangará, com projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer e paisagístico de Roberto Burle Marx. Era lá que ele pretendia morar com a futura esposa, a princesa austríaca Ira Von Furstemberg, mas o relacionamento acabou e a construção foi abandonada em seu início, embora com os jardins concluídos.

No final dos anos 1980, uma empreendedora comprou o local com a intenção de construir edifícios comerciais e um hotel, que chegou a ser iniciado e não foi à frente. Em 1991, 29% do espaço foram doados à prefeitura paulistana e os jardins criados por Burle Marx quase quarenta anos antes foram recuperados sob o comando do escritório do próprio paisagista, dando origem ao parque que leva seu nome e que foi inaugurado em 1995. Quanto ao hotel iniciado, permaneceu parado até 2014, quando a área foi comprada por um fundo de investimentos que decidiu entregar suas operações a uma rede. Finalmente, a Oetker Collection inaugurou o empreendimento a 10 de maio de 2017 e o espaço passou a funcionar, depois de mais de setenta anos de histórias interrompidas.

A arquitetura do hotel busca trazer o parque para dentro dele. De fato, o parque se faz presente pelas vistas envidraçadas, através de imagens fotográficas e também através da iluminação natural, explorada em praticamente todos os ambientes e que pode ser considerada o mais importante elemento decorativo do empreendimento.

A Oetker Collection tem como filosofia oferecer a excelência da hospitalidade europeia aliada à arte de viver local. Assim, embora os toques europeus sejam muito marcantes na arquitetura do Tangará, há muito de Brasil ali representado. Na decoração, a paleta de cores, com predominância dos cinzas, foi inspirada na utilizada pelo pintor Debret, que retratou o Brasil colonial. Nos apartamentos, há imagens fotográficas de Romulo Fialdini, celebrando ícones da cidade de São Paulo, como o MASP, a Oca ou a Casa das Rosas e todos os móveis são nacionais. Até a gastronomia oferecida no restaurante Tangará Jean-Georges inclui ingredientes e pratos que privilegiam o gosto local, embora seja assinada pelo chef francês Jean-Georges Vongerichten e conduzida pelo também francês Pascal Valero, juntamente com o brasileiro Felipe Rodrigues.

A estrutura de gastronomia conta ainda com adega, onde já acontecem experiências de degustação, com o lindíssimo Burle Bar, de clima mais intimista, e com o Parque Lounge & Terrace, um espaço all day dining, para café da manhã, almoços, jantares e pequenos drinks. Detalhe charmoso é reprodução da experiência de chá da tarde trazida do The Lanesborough London, o hotel da coleção que fica em frente ao Hyde Park e recebe a rainha britânica através de uma passagem exclusiva vinda do Palácio de Bukingham.

Naturalmente, a estrutura de bem estar e lazer também é especial. O SPA é uma parceria com a francesa Sisley, que assina todos os tratamentos, produtos e protocolos de massagem e treinou em Paris os profissionais que atuam no hotel. As crianças têm espaço exclusivo – o Kids’ Club, que privilegia as atividades lúdicas e de interação e imaginação, em detrimento dos jogos eletrônicos, e tem decoração que explora as cores do universo infantil de forma extremamente elegante.

Nas acomodações, as medidas são generosas. O apartamento mais simples mede 47 metros quadrados. A Suíte Prestige, terceira maior, já conta com mesa de jantar de oito lugares e sala de estar. E a Suíte Royal mede nada menos que 528 metros quadrados, sendo 250 deles de terraço. Terraços menores, mas não pequenos, estão presentes também em outros apartamentos, com mesas e espreguiçadeiras.

O serviço apurado e personalizado desde a reserva é garantido pela equipe de concierge, prioridade na rede, e há ainda a Boutique Eden, que oferece itens de vestuário e decoração, incluindo peças do mobiliário do próprio hotel, que são disponibilizados para venda. Assim, os hóspedes apaixonados podem levar pra casa um pouquinho da experiência Tangará.

De fato, não é exagero chamá-lo de Palácio.

Por Rosana de Moraes, em jun’2017

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